terça-feira, 6 de julho de 2010

As máscaras caem na PT

Agora que sabemos quem foram os traidores na votação da Assembleia Geral da PT, quais foram os accionistas portugueses do dito núcleo duro que, não só suportaram no passado recente as negociatas obscuras da PT para cair em graças de um “boss” e com isso conduziram em grande parte à fragilidade actual da empresa, como agora sem princípios ou honestidade, traem as declarações que fizeram antes da AG e votaram a favor da venda à Telefónica por uma “bagatela”, deixando assim a PT sem uma estratégia definida, e tudo pela ambição de um encaixe no curto prazo contra os dividendos sustentados que a PT obterá no mercado brasileiro no médio e longo prazo. Espero que depois de tudo isto os portugueses usem o seu “voto” como consumidores para votarem contra esses accionistas. Da mesma forma como eles têm o direito de serem livres nas suas decisões de gestão, nós também temos o direito de livre escolha como consumidores, de modo a os penalizar pelas suas decisões contra o que, como cidadãos, consideramos correcto. Está na hora de cada um de nós reconhecer o forte poder que detém em cada decisão diária no consumo que fazemos. Sozinhos, individualmente, isoladamente não faz praticamente qualquer diferença, mas se cada um de nós agir desta forma, no total o efeito é gigantesco.

Contudo, apesar de considerar justa a decisão do governo em usar a Golden Share dada a realidade europeia em que outros parceiros usam Golden Shares ou “secretarias douradas” com os mesmos propósitos, incluindo os “nuestros hermanos”, sou completamente contra este tipo de instrumentos políticos que apenas fragilizam a dinâmica e iniciativa do mercado. Os instrumentos desta natureza deviam estar disponíveis apenas ao nível da EU, como meio de defesa da economia da EU, tanto mais que a esse nível o poder que estes instrumentos teriam seria equiparado aos usados pelos EUA e outros concorrentes internacionais. Mas tendo em conta que infelizmente os governos dos nossos parceiros continuam a considerar a sua economia como independente das economias dos demais parceiros europeus, insistindo em considerar as suas empresas como nacionais e não europeias, dificultando assim a concretização do ideal de um verdadeiro mercado europeu onde as empresas europeias teriam um mercado que lhes permitiria, “nacionalmente” criar uma dimensão e peso que lhes possibilite combater mundialmente de igual para igual com os concorrentes, nada mais justo que, também nós, defendamos as nossas empresas da mesma forma que eles o fazem. Por isso caros “hermanos”, engulam o xarope já que é a mesma medicamentação que vocês aplicam aos demais.

Quanto ao preço, não considero pouco mais de 7 mil milhões de euros um bom preço para vender, já que para a PT o valor da VIVO não é o seu valor bolsista e sim o valor perspectivado de crescimento e de dividendos que a VIVO terá nos próximos 10 a 20 anos, considerando ainda que dificilmente a PT poderia fazer um bom negócio de compra das concorrentes OI ou Claro, já que estas não estão à venda e caso seja considerada a sua venda, ao se saber que a PT tem a carteira cheia de dinheiro o preço de venda seria sempre inflacionado. A prova de tudo isto é que a Telefónica não quer a Claro ou a OI e quer apenas a VIVO. Alguém acredita que a Telefónica venderia os seus 50% por pouco mais de 7 mil milhões? Acho que ninguém acredita que o faria. Por que será!

Outro ponto que não devemos descurar para o que ainda resta do mandato do Lula é a sua hipocrisia. Vem cá com aquele ar de quem quer seduzir as empresas portuguesas para lá irmos investir, quando sabe que para desenvolver o mercado depende da tecnologia e dinheiro português, como é exemplo perfeito a Vivo, já que foi a inovação do mercado português no sector das telecomunicações móveis, onde somos dos melhores, que deu à Vivo a posição de lider que detém hoje. Depois em lugar de afirmar algum respeito pelo parceiro em vários sectores da economia e da política, demonstra a verdadeira face.
 
Agora quanto às consequências da decisão do Governo, é aguentar o efeito bolsista e do mercado sobre as empresas nacionais dada a inferência do governo nas decisões de accionistas privados, algo que poderia ter sido evitado se a Ongoing e o BES tivessem votado contra a venda e, com estes votos, a votação teria obtido um resultado oposto ao que teve. Com esta decisão as empresas portuguesas demonstra a realidade, que estão fortemente dependentes do Governo e isso vai se repercutir igualmente na imagem exterior do BES e da Ongoing, ainda mais depois do caso TVI, o que é justo pois foram eles quem causaram esta confusão toda.
Para as pessoas que pensam “eu não tenho nada a ver com isso, isso são guerras de ricos não me muda nada no dia-a-dia já que seja como for eu pago o mesmo no fim do mês e nem sou accionista da PT”, bem é verdade, o que se esquecem é que sem uma imagem de empresas e mercado forte torna-se muito mais complicado de atrair investimento estrangeiro, e sem investimento estrangeiro é muito mais difícil sair da crise financeira e económica em que se encontra o país e são muito mais austeras as condições de vida de todos nós já que mais dificilmente haverá a criação de emprego que desesperadamente necessitamos.