Actualmente uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento sustentado das áreas metropolitanas de todo o planeta, é a questão das redes urbanas de transportes públicos e o seu impacto nas economias regionais e nacionais.
A reestruturação destas redes urbanas de transportes públicos e a reeducação dos comportamentos culturais dos habitantes destas regiões, á luz de algumas experiências que têm sido desenvolvidas ao longo dos anos, são fundamentais para a preparação do futuro económico e social sustentado, não só das regiões em que estas áreas metropolitanas se inserem mas igualmente nas economias nacionais em que se incluem. Neste sentido os planos e estratégias de reestruturação das redes urbanas de transportes públicos devem ter na sua base 3 eixos fundamentais: a eficiência da rede de transportes, a questão da eficiência energética e por fim a questão do impacto ambiental dos sistemas de transportes. A acção da reestruturação das redes de transportes públicos urbanos devem ter não só uma visão e objectivos operacionais como devem igualmente ter uma visão e objectivos culturais na sociedade em que irão ter a sua implementação. Outro aspecto fundamental é a simbiose entre a rede urbana e a rede nacional de transportes públicos, não apenas nas suas interligações físicas mas igualmente nos objectivos macro da sua reestruturação.
Após uma introdução mais técnica vamos à visão e linguagem mais do dia-a-dia da questão. Assim vejamos.
A eficiência da rede de transportes público passa por uma oferta de serviços que sirva de forma satisfatória todos os habitantes das áreas metropolitanas, ou seja, que todos possam substituir o uso do carro pelo transporte público mas ao mesmo tempo que esse serviço não tenha uma sobreposição de ofertas de modo a dividir os passageiros entre os vários serviços, multiplicando investimentos/custos e dividindo receitas/passageiros. Por outras palavras podemos dizer que uma rede de transportes públicos eficiente é aquela que se, por exemplo, tem uma área da região metropolitana, normalmente a mais central, servida por uma rede de metro, não faz sentido existirem linhas de autocarros a servir as mesmas áreas. O investimento na linha de metro é um esforço enorme que tem a vantagem de, além da grande capacidade de passageiros, não implicar um aumento do tráfego de veículos nas estradas como sucede com os autocarros, pelo que a forma de rentabilizar esse investimento é o dividir esse custo por mais passageiros em lugar de manter um investimento em autocarros, para servir a mesma área, que compete com o metro e implica um investimento concorrente. O mesmo sucede nas linhas onde existe o serviço ferroviário ou de eléctricos, deixando as linhas de autocarros para as linhas sem cobertura deste tipo de transportes dada a sua maior flexibilidade. Outro ponto fundamental para esta eficiência são os horários a que funcionam os transportes públicos, sendo que estes devem ter em atenção as reais necessidades da área metropolitana e não as questões políticas. Só com uma rede de transportes que ofereça um bom serviço e disponibilidade é que é possível impor fortes custos e restrições ao uso de carro próprio dentro das grandes cidades, reduzindo o impacto económico e ambiental da entrada diária de milhares de carros dentro das grandes cidades.
A eficiência energética é uma questão fundamental para a sustentabilidade destas redes, uma vez que o futuro implica uma alteração da mobilidade baseada no petróleo para as energias renováveis. Uma vez que a maior parte dos países é dependente do petróleo, em boa parte devido ao consumo das suas frotas particulares e públicas, é imperativo que o modelo estratégico das redes de transportes públicos passe pela opção quase em exclusivo de veículos movidos a electricidade ou a hidrogénio (no caso dos autocarros). Deste modo além de desenvolver uma frota sustentada, trabalhamos para uma independência da economia nacional face aos impactos e pressões internacionais na volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis, conseguindo controlar a inflação pelo aumento do preço do petróleo e aumentando a competitividade internacional da economia nacional. Assim também existe a vantagem de os transportes públicos tornarem-se comparativamente mais económicos face ao uso de carro particular.
Por fim temos a questão ambiental. É claro para todos que um sistema de transportes públicos eficiente, baseado em energias alternativas não poluentes e que leve a uma substituição do carro particular pelo uso do transporte público, não só torna as empresas de transporte sustentáveis como liberta o país e as cidades de grandes quantidades de emissões poluentes, reduz os consumos de petróleo e permite a redução das quotas de emissão de dióxido de carbono. Mas é também fundamental que ao nível nacional o transporte de mercadorias seja preferencialmente feito por via ferroviária e que as viagens de médio curso de passageiros sejam também feitas preferencialmente por comboio.
Como objectivo cultural, conjuntamente com a implementação das reestruturações que têm como objectivo o aumento da eficiência das redes de transporte público urbano, é fundamental fomentar uma cultura como a que existe na cidade de Nova-York, por exemplo, onde o normal é que os residentes das zonas centrais desta área metropolitana não tenham carro próprio, mesmo pessoas da classe média alta, pelo alto custo que implica esse luxo e pela qualidade e disponibilidade da rede de transportes urbanos que serve as necessidades dos seus habitantes a um custo muito inferior, sendo usual o aluguer de carros para viagens de lazer fora da área metropolitana, eliminando desta forma o peso das despesas fixas no orçamento familiar que representam a aquisição e manutenção de um carro, enquanto que nacionalmente reduzem-se os consumos e emissões de combustíveis fósseis.
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