domingo, 22 de agosto de 2010

As loucuras na compra e venda de casa

Já faz alguns anos que aviso os amigos e familiares quanto à ilusão criada na ideia de que uma casa é um activo que sempre valoriza, ainda mais depois das loucuras da última década, algo recentemente comprovado por pelo estudo do Bank for International Settlements (BIS): “Ageing and asset prices”.

As pessoas entraram numa espiral de loucura na qual quem tinha qualquer bocadinho de casa ou terreno para vender achava que era um pedaço de “ouro” e quem queria comprar ia atrás da loucura de quem vendia, empolando as suas expectativas de valorização e como tal inflacionando o preço nessa medida no acto da revenda. Claro que esta dinâmica inflacionista dos preços dos imóveis se deve à inexistência de um mercado de arrendamento e da ambição do sector bancário em conceder crédito com base em valores de um mercado inflacionado.

O problema nisto tudo é que as pessoas se esquecem que as casas ou terrenos não têm um valor mínimo garantido. Não é por ser adquirido hoje por 1 euro que daqui a 10 anos ela vai valer 10 euros, pode perfeitamente valer 0,50 euros, por exemplo. O valor das casas está baseado na disponibilidade que as pessoas têm e do valor que as pessoas estão dispostas a pagar por elas, ou seja, estão sujeitas à lei da oferta e da procura como qualquer outro bem normal. Assim sendo, com a realidade da baixa natalidade e da redução do poder de compra, o valor das casas só tende a baixar numa análise de médio longo prazo, na qual os picos, positivos ou negativos, são eliminados.

Actualmente o problema é que, apesar das pessoas encararem a eterna questão da necessidade de habitação e não existindo um mercado de arrendamento eficiente (aqui muitas pessoas também acham que podem comprar casa e cobrar no aluguer o valor que lhe custa por mês manter a casa, empréstimos mais manutenção, o que é ridículo), existe a questão de que nestes tempos conturbados devem procurar reduzir ao mínimo as dívidas e aumentar ao máximo a sua flexibilidade, alugar habitação permite mudar mais facilmente de casa e de cidade, seja por motivo do valor do encargo mensal com a habitação, seja pela necessidade de se deslocar em busca de emprego. Nestes tempos que se avizinham, a capacidade de flexibilidade no emprego pode significar a diferença entre estar empregado e o estar desempregado.

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