domingo, 30 de outubro de 2011

Perdão de dívidas? Mais um erro a somar a tantos outros

Desde a semana passada que os fieis amigos do facilitismo e da desresponsabilização estão de sorriso no rosto com as notícias de perdão de parte da dívida Grega.
Nunca fui defensor de perdões da dívida, fosse quando éramos nós a perdoar dívidas ou quando outros países defendiam o perdão das suas dívidas, face ao FMI por exemplo. Assim sendo, nada mais coerente que o ser completamente contra um eventual perdão de parte da dívida nacional, como já muitos estão a pensar em pedir e que por isso consideram que nem vale a pena fazer grandes esforços para evitar essa situação.

O Estado/Governos não são aquela entidade etérea que o quadro legal português e os políticos portugueses tanto têm trabalhado para fazer parecer aos olhos dos portugueses, as coisas acontecem e ninguém tem a culpa pois a culpa é da “máquina”, só que a “máquina” não existe, não é um computador ou um robot, a “máquina” são pessoas que infelizmente em Portugal representam o que de pior existe no país, o pior em falta de moralidade, desonestidade, incompetência, e o parasitismo de uma classe dirigente, partidária e política.
Sendo que é aqui que reside o problema, normalmente os países que precisam de ajuda, que não seja por uma questão pontual de liquidez que se resolve em um par de anos como na Irlanda ou na Islândia, são países com este tipo de classes políticas que roubam e roubam os país por décadas até os deixarem completamente falidos em nome dos seus interesses pessoais. Ora, se este tipo de parasitas, após falirem um país, em lugar de serem punidos pelos seus países e pela comunidade internacional recebem um perdão de dívida, a lição que aprendem é a de que pode continuar a roubar sem problemas pois quando voltarem a deixar o país falido vão ter um novo perdão da dívida. É o mesmo que um ladrão que chega ao tribunal e o Juiz lhe dá uma segunda oportunidade, claro que ele vai pensar que afinal ir a tribunal não é assim tão mau e volta a roubar de novo já que percebe que pode roubar quanto quiser que nunca será responsabilizado pelos seus crimes.
Os Estados/Governos não são entidades abstractas e sim pessoas que agem em defesa dos seus próprios interesses e seguindo a sua cultura moral, ou a falta desta, pelo que a sua desresponsabilização/perdão é sempre uma porta aberta para voltarem a cometer o mesmo crime.

No entanto é óbvio que a comunidade internacional tem que criar oportunidades para que os países possam sobreviver ao “buraco” em que estão, pelo que sempre defendi não um perdão da dívida e sim uma renegociação da dívida para juros mais baixos, sempre num valor máximo de 2%, e um prolongamento dos prazos de pagamento.
Nunca nos podemos esquecer que um perdão de dívida não é uma coisa mágica, um estalar de dedos e é como se aquele dinheiro nunca tivesse existido. Um perdão de dívida implica que alguém fica a pagar a conta, por exemplo no caso da Grécia, o perdão da dívida vai levar a perdas brutais na banca europeia que financiou a dívida Grega, o que vai implicar que os países e instituições europeias recapitalizem a banca europeia pelas perdas originadas no perdão grego, ou seja, os países europeus têm que pagar o perdão da dívida grego, por outras palavras são os contribuintes que votaram bem e que fizeram sacrifícios para terem uma economia saudável que vão ter que pagar pelos luxos e más escolhas dos gregos.

Mas o presente problema é a implicação que o incumprimento por parte da Grécia, ou qualquer outro Estado-Membro, terá sobre a economia da UE e no Euro. Assim sendo é necessário resolver o problema grego mas acima de tudo o problema das dívidas públicas dos países do euro. É neste sentido que seria mais indicado a criação de um instrumento financeiro, que poderá ser uma modificação do fundo de resgate, que tivesse a capacidade de ficar credor dos países incumpridores, assumindo as suas dívidas e a quem estes países ficariam a pagar a totalidade da sua dívida nas condições anteriormente referidas. Por outras palavras seria uma comunicação forte e transparente ao mercado de que as dívidas dos países do euro não são assumidas pelos países individualmente e sim de toda a zona euro, responsabilizando ao mesmo tempo os países “mal comportados” já que estes seriam responsabilizados e obrigados a assumirem as suas dívidas, sem com isso colocar em causa a viabilidade das suas economias.
Obviamente que estes países teriam de submeter-se a uma rigorosa fiscalização da sua política orçamental por parte das instituições europeias de modo a evitar a manutenção das actividades corruptas e despesistas que levaram os países à situação de falência.

No caso português é mais do que evidente que a única razão pela qual o país está como está é a corrupção que corrói o país e a cultura do facilitismo. Não venham com a desculpa de ser pequenos ou a crise internacional, pois a Bélgica, por exemplo, é mais pequena do que Portugal, não tem as riquezas que tem Portugal, como por exemplo o sol (energia renovável e turismo) e uma área oceânica gigantesca e no entanto não vive a crise que Portugal vive. Qual a diferença? A cultura de mérito e de produtividade e uma classe política mais honesta e competente.

sábado, 22 de outubro de 2011

The not so big news for 2012/2013

Last week the Portuguese Prime-Minister made a statement to the country communicating the new austerity measures for the 2012/2013 period and informing that this new policies are consequence of a bigger deficit that was previously thought. This week it was the Portuguese Chancellor of the Exchequer who, on a television interview, explained the reasons and impacts of these policies. So what´s new for 2012/2013 and what are its effects?
The one measure that will affects all Portuguese by equal is the VAT alterations and because of that this measure it is the most unjust of all but unfortunately it is a necessary one.
The VAT increase on the catering sector will produce a competitiveness reduction on one of sectors that share the exportation effort. It is truth that it’s impossible to tax only the Portuguese and left out of the VAT increase the foreigners so there is no way to prevent this fall on the international competitiveness of the sector, however past this public deficit emergency it is urgent to review this measure to increase our competitiveness face our competitors.
Other VAT alteration it is the increase of the bottled water rate what it is a complete abuse without any fiscal justice because the water it is “the” essential commodity for human life. There is also the question that the bottled water, as the wine and olive oil for example, it is one of products that Portuguese consume almost exclusively national production and they have a higher exportation potential. For this reason this products should not have an elevate VAT rate.
One other measure that affects a large part of the Portuguese population it is the 30 minutes increased on the national daily labour time, what means a real remuneration cutback.
With the implementation of this measure the Portuguese euro exit defenders can stop talking about that because they already have implemented the effect of currency devaluation on Portugal to obtain competitiveness on international markets (see: One more apologist for a fall into the abysm1).
The big difference between this measure and a currency devaluation it is the transparency of its effects to the general citizens because everyone see the cut on their incomings.
But the true is that the increased of 30 minutes on the work day it is not a hard cost to pay and it is less penalizing than currency devaluation. Who is gone be real affected by this measure are the unemployed that will see their labour opportunities reduce even more.
However the most controversy measure it is the abolition of the holydays and Christmas subsidy to all civil servants with incomings above 1.000 Euros and a progressive cut to those with incomes between the 485 and the 1.000 Euros. But this measure will be addressed on a future commentary.
After all this measures it still missing the information about the cuts on the public budget based one more rationality on the public services management and what model of public services it will be implemented in the future but above all the Government do not show any intention to take the decision to renegotiate all the ruinous public-private partnerships and investigate who was responsible for those contracts.
And on the end of all it is essential that the State reduce as soon as possible the actual unsupportable tax burden to allow the privet economy to create the vital national wealthy required to the country development.


As não tão grandes novidades para 2012/2013

A semana passada tivemos a comunicação do Primeiro-ministro ao país dando a conhecer que afinal o “buraco” é ainda maior do que se pensava e, por esse motivo e dada a necessidade de cumprir as metas orçamentais, foram previstas novas medidas de austeridade na proposta de Orçamento de Estado para 2012. Esta semana foi a vez de o Ministro das Finanças, numa entrevista televisiva, vir explicar a situação financeira do Estado português e justificar as medidas comunicadas pelo Primeiro-Ministro. Então quais são afinal as novidades para 2012/2013 e qual o seu efeito?
 
A medida que afecta todos os portugueses por igual, seja trabalhador no público, no privado ou um desempregado são as mexidas nas tabelas do IVA e por isso mesmo esta acaba por ser a mais injusta de todas mas infelizmente necessária.
O aumento da taxa do IVA na restauração traduz-se numa perda de competitividade de um sector que comparticipa em uma parte da sua actividade no esforço de exportação. É verdade que nem todo o sector participa na exportação e que é impossível taxar apenas os nacionais e não taxar os estrangeiros, mas é algo que, passada esta emergência pela derrapagem orçamental, deve ser revisto com vista a uma competitividade turística face aos nossos concorrentes.
Já a passagem das águas minerais para um IVA intermédio é um escândalo e sem qualquer justiça fiscal, uma vez que é “o” bem essencial por excelência, ao contrário das águas com sabores e demais variantes que é justo passarem para uma taxa mais alta. Ainda mais que, tal como o vinho e o azeite, são produtos nos quais o consumidor português consome quase exclusivamente produção nacional e é fundamental que, na revisão das tabelas do IVA, sejam não só beneficiados os bens que constituem o cabaz de bens essenciais para uma família portuguesa, mas também os produtos cujo consumo interno é predominantemente de produção nacional e com potencial de exportação. É por esse motivo que, por exemplo, o vinho não deve ser incluído na taxa máxima.
Outra medida que tem um impacto mais abrangente é o aumento de 30 minutos por dia no horário de trabalho de todos os trabalhadores, ou seja uma redução do seu vencimento real.
A partir de agora os defensores da saída de Portugal do euro com o propósito de poderem desvalorizar a moeda para obter aumentos de competitividade, já podem parar de falar em saída do euro pois já têm o mesmo efeito (ver: Mais um apologista de uma queda no abismo1). Claro que podem defender um acréscimo superior a estes 30 minutos.
A grande diferença entre esta medida e uma desvalorização da moeda é o facto de esta medida ser muito mais impopular ao ser transparente para todos que o efeito é a redução do seu poder de compra.
A verdade é que o aumento de 30 minutos diários, no tempo de trabalho, não é uma medida que seja muito penalizadora e que deve ser compreendida por todos como necessária para fazer face à situação nacional, sendo muito mais vantajosa para as pessoas do que uma desvalorização da moeda. Quem é verdadeiramente penalizado com esta medida são os desempregados que vêm assim reduzidas, ainda mais, as necessidades de contratação por parte das empresas.
Contudo a medida mais comentada é o corte dos subsídios de férias e de natal para os funcionários públicos com vencimentos acima de 1000 euros. Só o facto de a única medida que afecta exclusivamente uma categoria profissional ser a medida mais publicitada e debatida nos mídia, atesta o peso e influência que esta categoria tem criado sustentadamente ao longo dos anos. A verdade é que a fronteira onde acaba a função pública e começam os políticos e os partidos é algo que já deixou de existir faz décadas neste país.
A despesa a ser reduzida é a do Estado, logo é nos funcionários do Estado que têm que ir buscar a grande parte do esforço das famílias, no entanto esta medida será melhor abordada em um futuro comentário.
Mas no final de tudo, o que ficou por comunicar e explicar foram os cortes nas outras despesas do Estado, algo que até certo ponto pode ser compreendido pelo pouco tempo governação e não é num par de meses que é possível delinear ao pormenor uma estratégia de redução dos excessos sem colocar em causa os serviços do Estado. Não estamos em tempo de fazer cortes temporários, temos de fazer cortes dentro de uma estratégia já definida e conhecida do que se deseja que seja a função pública/Estado e como podemos obter serviços de qualidade, competentes e financeiramente racionais.
No entanto não há qualquer desculpa para o Governo não comunicar a decisão de investigar e renegociar todas as PPP’s e demais contratos que sejam ruinosos e em que o Estado está preso. Esses contratos têm que ser renegociados de forma justa e apuradas as responsabilidades por esse “assaltos” ao bolso dos contribuintes. Não basta reduzir custos na máquina pública, é preciso reduzir os encargos com contratos escandalosos não só porque é o mais justo, mas também porque é essencial que o Estado reduza rápida e drasticamente a carga fiscal sobre os portugueses, de modo a estimular a economia, ou o país chegará a um ponto tal de onde não vai haver volta da recessão.



sábado, 8 de outubro de 2011

Simply timeless/Simplesmente actual e intemporal - Johnny Carson 1982




Não foi possível encontrar uma versão legendada. Contudo existe uma versão legendada mas não verdadeiramente legítima. Trata-se de uma legenda a satirizar o político Sócrates. A legenda é correcta excepto nas partes em que é adaptada á situação deste político português. Por exemplo, em lugar de dizer imprensa, na apresentação, diz Manuela (da Manuela Moura Guedes) ou quando o político é questionado sobre a veracidade das suas habilitações em Harvard é adaptado à Univ. Independente.
Não foi usada esta versão por uma questão de princípio e imparcialidade no entanto, fica aqui o link para aqueles que necessitam de legenda para entenderem o vídeo, mas já tendo presente a natureza satírica da legenda.

One more apologist for a fall into the abysm

One more apologist of the Portugal leaving the euro zone idea. This time it was a Professor from the ISEG (Economical and Management Superior Institute – Lisbon) the economist João Ferreira do Amaral who came on the public defence of that policy. We have already board this mater on Nov. 13, 2010 with the comment “Insane idea from insane persons” but this time we gone deconstruct the professor argumentation.
The professor defends the Portuguese exit from the euro zone but with the support of the European Central Bank “its necessary a large commitment of the ECB to support and sustain the new currency depreciation within reasonable limits and to create facilities to support the Portuguese banks during this transition period to avoid any panic1. On simple words, what the professor think is that Portugal can leave the euro system but the ECB and what that it means is that Germany and the other north European countries, will keep supporting Portugal just like if it was a son who declares is independency from the parents but keep coming home to eat, drop the clothes to be wash and receive the allowance. The difference is that a son is just that, a son, our blood but Portugal is not a northern European countries son to have their support after leaving the euro system.
He believes that the new currency depreciation “By my calculations would be enough somewhere between 30% to 40%”1 as if once the new currency gets the exchange market the Portuguese institutions will have any control over the market to make it stay at this depreciation rates. The moment the new currency gets on the exchange market it would be depreciate to garbage level by the market agents because of their natural distrust face to the Portuguese economy. On this case the only way the Portuguese Government have to control the new currency exchange price would be through the Portuguese Central Bank operations on the market buying new currency and selling foreign currency, but it’s obvious that this kind of market intervention have high costs to any country if it’s done for a long period.
The allegation for leaving the euro zone is that “All tradable goods sectors will benefit from de currency depreciation. The currency depreciation it’s important to revert the negative effects of having a strong currency.1we have a huge foreign debt and therefore we have to create the conditions to have a surplus of our balance of payments so we can make the debt payments and at the same time having some margin on our external responsibilities. We cannot create those surpluses inside the euro zone because of our weak productive structure.1. As already was said, the currency devaluation do not achieve the effects that are defended by the professor. The currency devaluation has its effects in Portugal more than proven by the practice of these policies for years and years between the 74 revolution and the end of 80’s when we start living some currency exchange stability. It was this years of currency devaluation one of the reasons that allowed all those incompetent national companies to keep open by forcing all country to pay the costs of making their products more competitive on the international market instead of restructure their business or close doors.
The question is that the commodities are bought on the international market with prices in dollar or euro, so the currency devaluation just makes the labour cost lower because all the other production factors as commodities, energy and financing keep the same price because Portugal is totally dependent of the importation of these supplies. And because the public debt must be paid in euros the taxpayers must pay more taxes and the credits interest rates on the banks will be higher for the same reason. This means that there would not be any surpluses on our balance of payments but it would aggravate our economical situation.
In the end the professor reveals the reason why he defends the Portuguese exit from the euro zone “The most rational and intelligent would be recognize that euro project has failed.”1. Who does not believes on the euro zone does not understand that it is only through the project of a unify Europe that it is possible for Europe to maintain its place on a global economy.
Portugal is on the rock bottom and our only way up it is through cleaning the country of the corruption, bad politicians and incompetent companies, giving space to the excellence and good management to be the future.


1 Sol newspaper October 2, 2011 (http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=29943)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mais um apologista de uma queda no abismo

Mais um apologista da saída de Portugal do Euro. Desta vez foi o Professor do ISEG, o economista João Ferreira do Amaral. Já foi aqui escrito sobre esta ideia de saída do euro em 13 de Novembro de 2010 com o comentário “Ideia insana de pessoas ainda mais insanas” mas desta vez vamos desconstruir a argumentação deste Sr. Professor.
Alega este Sr. Prof. que saímos do euro mas com o apoio do Banco Central Europeu, “é necessário um comprometimento muito grande do Banco Central Europeu: para apoiar a sustentação da nova moeda dentro dos limites de depreciação razoáveis e, num segundo aspecto, criar facilidades de apoio aos bancos no período de transição, para evitar qualquer pânico.”1, ou seja, o que este Sr. Prof. acha, é que vamos sair do euro mas que o BCE e, por conseguinte, a Alemanha e demais países do norte, vão continuar a sustentar Portugal tal qual um filho que se declara independente dos pais mas continua a ir a casa comer, deixar a roupa para lavar e se necessário for, para receber a mesada. A diferença é que um filho é isso mesmo, um filho e Portugal não é filho dos países nórdicos pelo que, se eles já na realidade presente não estão muito contentes por andarem a “sustentar” os países do sul, quanto mais se estivermos fora do euro. Este Sr. Prof. deve achar que os outros países são para com Portugal como Portugal é para com a Angola, que lhes beija os pés e perdoa dívidas.
Diz que a desvalorização da nova moeda “Pelos meus cálculos, algo entre 30% a 40% seria suficiente1, como se, uma vez a nova moeda no mercado de câmbio, nós tivéssemos algum controlo sobre o valor da moeda. Assim que a nova moeda chegasse ao mercado de câmbios seria de tal forma desvalorizada que ficaria pelas “ruas da amargura” e a única forma do Estado impedir isso, seria por acção do Banco de Portugal sobre os mercados, comprando a nossa moeda e vendendo moeda estrangeira, isto em compras gigantescas que custariam fortunas insustentáveis ao país, logo algo impossível de fazer sustentadamente.
A alegação para a saída do euro é que “Todos os sectores de bens transaccionáveis são beneficiados pela desvalorização. Uma desvalorização discrimina estes sectores positivamente. A desvalorização é importante para contrariar os efeitos negativos que decorreram de termos uma taxa de câmbio demasiadamente valorizada.1temos uma divida externa brutal e, portanto, temos de formar excedente da balança de pagamentos para irmos pagando e arranjarmos alguma folga a nível externo. Não conseguimos criar excedentes na Zona Euro dada a debilidade da nossa estrutura produtiva.1. Ora como já anteriormente aqui foi dito, a desvalorização da moeda não concretiza nada do que o Sr. Prof. defende que será alcançado com a saída do euro. A desvalorização da moeda em Portugal tem os seus efeitos mais do que comprovados pela prática destas políticas nos anos do pós 25 de Abril até ao início da estabilidade cambial por via da entrada na CEE e com a preparação para a entrada do escudo no cabaz de moedas do ECU. Foi a aplicação destas políticas que durante anos acarinharam os empresários incompetentes que nunca quiseram reestruturar as suas empresas e sempre quiseram beneficiar de desvalorizações da moeda para fingir competitividade que nunca tiveram.
Durante os anos de aplicação desta política de desvalorização da moeda, a grande maioria dos empresários nacionais, em lugar de criarem empresas competitivas e concorrenciais no mercado internacional para conquistar mercados (lembrar os milhões e milhões de fundos de apoio que tiveram e gastaram em luxos), choravam pela desvalorização do escudo para fazer com que os seus produtos ficassem mais baratos e conseguirem assim ser mais competitivos nas exportações. O problema é que desta forma os portugueses eram obrigados a comprar produto nacional, não porque tinha qualidade e sim porque os preços dos produtos estrangeiros ficavam mais altos, sendo obrigados a comprar nacional tivesse ou não qualidade (mais um estimulo à falta de qualidade do nacional), depois como somos totalmente dependentes do exterior em matérias-primas, essa desvalorização, passado o impacto inicial, apenas era obtido à custa do poder de compra dos consumidores, pois os preços das nossas empresas, sem competitividade, iam subir novamente uma vez que o preço das matérias-primas é determinado em moeda estrangeira e não em moeda nacional.

Para piorar, o Estado e o sector financeiro ficariam bem pior, já que a sua dívida é em moeda estrangeira, o que obriga a um aumento dos impostos de modo a comportar os custos financeiros e demais compromissos do Estado nos mercados internacionais.  Nos bancos veríamos um aumento das taxas de juro e dos spreed, exactamente o oposto do necessário para estimular o investimentos. Logo, não existiria qualquer excedente da Balança de Pagamentos, antes pelo contrário, veríamos um agravamento da perda do poder de compra e um agravar da situação nacional, basta apenas pensar no aumento brutal que teria o valor da importação de petróleo em termos de moeda ancional.

Mas no fim o Sr. Prof. lá confessa o motivo da sua posição “O mais racional e inteligente seria reconhecer que o projecto do euro falhou.”1, quem não acredita no euro e não vê que um bloco económico europeu unido é a única hipótese que a Europa tem de ter voz na nova economia global, claro que pode dizer as coisas que diz.
Estamos quase no fundo e temos de aproveitar para limpar o país ou nunca vamos sair do fundo, o que queremos são empresas competentes, que sejam competitivas internacionalmente, esse é o caminho e não a desvalorização da moeda.


1 Jornal Sol a 2 de Outubro de 2011 (http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=29943)

sábado, 1 de outubro de 2011

A Madeira e o seu Jardim

Estas últimas semanas têm sido ricas no “disse que disse” sobre a Madeira e no seu já famoso “buraco”. Têm sido igualmente ricas, para não fugir à tradição, nos espectáculos provocadores do Sr. Aberto João Jardim, algo que é o seu modo tão próprio e reconhecido de fazer política.
A bem da verdade devemos dizer que ele tem razão, porque raio é que haveria agora de mudar o seu estilo, num momento tão complicado, quando este estilo provou ser tão eficiente nos últimos 30 anos? A questão é que o presente momento não é igual a nenhum outro já vivido no passado recente e por isso, este estilo de colocar as questões como uma guerra aberta entre a Madeira e os “cubanos”, só agrava a situação da Madeira e apesar de lhe vir, uma vez mais, a render votos e uma maioria, vai deixar a Madeira numa posição muito mais complicada para resolver o seu “buraco”, já que os “cubanos” começam a criar uma forte hostilidade face à Madeira, ao ponto em que até nos aspectos nos quais a Madeira tem legitimidade esta corre o risco de ter um país inteiro contra eles.
Mas vejamos os factos.
1º facto: a Madeira nunca foi auto-suficiente, ou seja, beneficiou sempre nas transferências entre a Madeira e o Estado Central, logo a Madeira não dá nada aos “cubanos” são os cubanos que dão à Madeira. Mas deve ser igualmente reconhecido e afirmado que a República Portuguesa é um Estado no qual as diversas regiões são solidárias umas com as outras, pelo que todas as regiões mais ricas têm de ser solidárias com as regiões mais desfavorecidas.
2º facto: apesar da Região da Madeira ser beneficiada pela solidariedade nacional entre regiões, é verdade que em termos de saldos da balança de pagamentos (nacional) a Madeira participa no esforço (nunca concretizado nos últimos anos) de um equilíbrio da Balança de Pagamentos já que a sua principal e quase exclusiva actividade é o turismo, o que em termos contabilísticos é considerado como exportação. É por esse motivo que neste momento é um “tiro no próprio pé” as férias que muitos portugueses continuam a fazer fora de Portugal.
3º facto: a Madeira, tal como os Açores, beneficiam de taxas de imposto mais baixas e de um subsídio de insularidade concretizado por uma transferência anual do Estado central no montante de 300 milhões de euros. No entanto, estes impostos mais baixos são com o intuito de compensar os Portugueses que vivem na Madeira de modo a terem o mesmo custo de vida que os do “continente”. Por exemplo o IVA mais baixo, é para compensar o aumento do preço dos produtos por via dos custos de transporte para as ilhas, procurando assim obter um preço dos produtos idêntico ao preço cobrado no resto do país. O subsídio de insularidade tem como objectivo permitir que a região tenha infra-estruturas que no resto do país, podem estar fora de uma dada região, mas de fácil acesso por via da proximidade entre as principais cidades/regiões.
4º facto: é verdade que a Madeira do pós 25 de Abril era uma região desprovida de tudo e que eram necessários fortes investimentos estruturais para dotar as populações de uma qualidade de vida que fosse alcançar e acompanhar os padrões médios nacionais. Mas é aqui que a coisa complica… a uma dada altura a Madeira atingiu um nível de infra-estruturas superior a algumas regiões do “continente”, como Trás-os-Montes por exemplo, que apesar de não estarem rodeadas por água, em termos de infra-estruturas e de “distância” de Lisboa estavam muito mais longe do que a Madeira, já que boa parte da população estava desprovida de estradas capazes, linhas férreas e equipamentos públicos básicos à sua qualidade de vida, como escolas e hospitais. Por isso é igualmente verdade que, ao abrigo da tal solidariedade nacional que a Madeira tanto gosta de invocar, a um dado momento a Madeira teria de deixar de ser beneficiada pelos recursos públicos nacionais, para passar a ser solidária com aquelas que estavam bem mais atrasados que a Madeira.
5º facto: acredito que seja verdade que o Sr. Jardim não enriqueceu à conta dos dinheiros públicos e apenas tenha recebido os respectivos vencimentos, não tenho dados ou conhecimento do contrário para não acreditar, mas o que é conhecido de todos os portugueses é que ele deu a ganhar fortunas a muitos que lhe permitiram manter o seu “reinado” por tantas décadas, sendo isso também um roubo igual a que se tivesse tirado para si próprio. Por isso o Sr. Jardim deve ser investigado e responsabilizado pela má gestão dos dinheiros públicos.
6º facto: a Madeira é parte do território nacional, pelo que as leis nacionais têm que ser respeitadas na Madeira. Assim sendo o Sr. Jardim é obrigado a cumprir todas as leis mesmo não concordando com elas, como todos nós o somos, pelo que não tem qualquer legitimidade em esconder e continuar a fazer dívida só porque não concorda com as leis nacionais. Já todos sabemos que neste país um político nunca vai para a cadeia e quando é constituído arguido ainda vai a tribunal pedir indemnizações em várias vezes o valor que um tribunal determina como sendo o valor a pagar por uma vida, já sabemos que é o país em que vivemos, um pais de e para corruptos e políticos. Vamos a ver o que vai suceder com o Sr. Jardim, uma vez que confessou em público o crime de omissão propositada e consciente de informação, além de infringir deliberadamente as regras da divida pública onerando o país em milhares de milhões.

Por todos estes factos, o Sr. Jardim deveria ter contenção no seu espectáculo pois de tanto tempo que tem de poder, já está cego e incapaz de ver que neste momento, quando o país está a fazer sacrifícios extraordinários, ninguém está com vontade de, uma vez mais, “passar a mão” por baixo dos seus desvarios e pagar pelas suas loucuras. Tome cuidado com essas loucuras de independência e de que plano de pagamento só com o acordo da Assembleia Regional, ou seja, com o seu acordo, pois ainda se arrisca a um escalar da actual hostilidade face à Madeira e com isso muito maior dificuldade da Madeira e ter a solidariedade nacional.
O Sr. Jardim não quer saber da troika? Mas onde pensa que o governo vai buscar dinheiro para lhe dar? Já diz o povo “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”, tome cuidado ou ainda tem o que tanto apregoa mas todos sabemos que não deseja, lembre-se do Pedro e do lobo.