sábado, 17 de setembro de 2011

Portugueses no Top

No passado dia 30 de Agosto, foi publicada a lista dos projectos de investigação contemplados com as bolsas ERC Starting Grants de 2011. Um dos projectos patrocinados por esta bolsa, para 5 anos, foi o projecto “Positive Scalar Curvature and Lagrangian Mean Curvature Flow” (Curvatura Escalar Positiva e fluxos de curvatura média Lagrangianos) do investigador português André Neves. É a primeira vez que um investigador nacional obtém uma bolsa de investigação de valor superior a 1 milhão de euros, algo que é mais um reconhecimento da qualidade e capacidade que os portugueses podem atingir.
Até aqui só boas notícias, agora a má notícia… é que, para não fugir à regra, o investigador André Neves e o seu projecto não estão sediados em qualquer centro de investigação nacional e sim no Imperial College of Science (Londres). Uma vez mais fica provado que apenas os portugueses que vão-se embora do país podem ter a oportunidade e as condições de demonstrar o seu valor, já que no nosso país apenas têm lugar os “espertos” com relações pessoais/partidárias e isso é uma realidade também muito presente no meio universitário, onde os professores não são contratados com base na sua qualidade e sim nas suas relações. Quantos de nós já viram publicados concursos públicos para professor universitário? A César o que é de César, pelo que devo salientar que em mais de 5 anos os únicos anúncios que pessoalmente pude confirmar no BEP (Bolsa de Emprego Público) foram do IPS (Instituto Politécnico de Setúbal).
Foi esta cultura de que mais vale ser “esperto” do que ser inteligente, que mais valem os conhecimentos do que O Conhecimento, que mais vale ter “cartão” do que ter mérito que levou o país a estar no estado em que está e isso não há TROIKA que consiga resolver, a não ser que imponha fortes regras no ensino e que obrigue ao julgamento e responsabilização criminal dos milhares e milhares de “espertos” que parasitam o Governo e o funcionalismo público. Só uma política de rigor e mérito na educação, assumindo o “custo” de uma descida vertiginosa nas estatísticas da OCDE para a posição real e não a actual posição mascarada pelo facilitismo que tem existido nos últimos anos, aliada a uma política de reconhecimento do mérito e de responsabilização criminal dos actos de incompetência e corrupção no seio do funcionalismo público e no meio político, de modo a provar que o “espertismo” tão popular no nosso país é meio caminho para a cadeia, pode conduzir a que dentro de uma ou duas gerações possamos ter a ambição de estar no caminho de uma sociedade desenvolvida e com um crescimento económico sustentado.
Como nada disto parece estar sequer próximo de um dia acontecer, parece que aqueles que lutamos pelo mérito e pela competência, um a um, vamos acabando por “jogar a toalha” e trocando o nosso país por outros países que acarinham e recebem de braços abertos aqueles que são inteligentes em lugar de “espertos”, competentes em lugares de bem relacionados. Assim fica uma questão… no final quem vai sustentar os “espertos” deste país que nada sabem fazer a não ser parasitar o trabalho dos outros?
Parabéns André Neves, Mereces uma medalha no dia de Portugal mas o mais certo é que a medalha, que é tua por mérito, seja entregue a mais um jogador de futebol.

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