segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Portugal no Natal de 2011

Ao sair do aeroporto e mesmo antes de se chegar às cidades e vilas portuguesas para a tradicional reunião familiar e os festejos natalícios, a maioria dos que regressam a Portugal nesta época sente alguma tristeza e espanto. É verdade que a crise é por todos mais do que conhecida, é verdade que os tempos difíceis já são algo que está mais do que aceite como algo do qual não é possível a Portugal fugir, principalmente para os muitos que faz apenas meses que se viram confrontados com a pesada realidade e optaram por novos rumos e novos países a quem se passa a chamar de casa, mas a dura realidade de um país onde ano atrás ano os enfeites de natal tomavam proporções cada vez maiores e onde este ano pura e simplesmente desapareceram por completo em várias cidades e foram reduzidos substancialmente em muitas outras, faz com que seja uma visão estranha olhar as nossas cidades neste natal. É verdade que enquanto a maioria está a conter as despesas, tem uns poucos que apesar de estarem endividados acima da maioria ainda se dão ao luxo de gastar milhões em festejos de natal. Afinal estamos em Portugal e o seu pior nunca desaparece.
É certo que os enfeites de natal tomaram dimensões absurdas em termos de custo público, mas o cortar totalmente como fez a cidade de Lisboa atesta o tipo de carácter da maioria dos Presidentes de Câmara deste Portugal, em que cortar nos boys não cortam eles, mas o manter as luzes apenas na Rua Augusta, no caso de Lisboa, e nas equivalentes nas restantes cidades já é demasiado caro, algo que representa um custo ridículo quando comparado com o que se gasta apenas num mês em assessores políticos e boys afins das Câmaras e Assembleias Municipais, já para não falar no descaramento da tolerância de ponto nas tardes dos dias 23 e 30 de Dezembro dada por alguns presidentes de Câmaras, como o de Lisboa, contra o que foi decretado pelo Governo do País. Algo que aposto que se negociada uma divisão de custos entre a Câmara e os comerciantes e bancos com localização nas respectivas principais ruas comerciais, seria possível concretizar a um custo quase insignificante. No entanto não podemos dizer que há surpresas nestas opções de gastos públicos, pois é algo que é mais do que coerente com a protecção dada pelos políticos aos seus boys em nome da sua sobrevivência pessoal ao nível político e económico.

O problema é que é importante para o país, em termos sociais e económicos e exactamente pela falta de espírito de natal que se sente no ar e pelo estado depressivo dos portugueses devido aos tempos difíceis, proporcionar alguns aspectos através dos quais seja possível, a baixo custo, animar a moral e o espírito dos portugueses, algo que também acaba por ser um ligeiro apoio à actividade económica. Por isso torna-se ainda mais importante que se gaste em iluminação de natal restrito à principal rua comercial das cidades e que no caso de Lisboa é a Rua Augusta, como espaço com um forte peso emocional para os lisboetas, em lugar de gastar com os mais de 3.000 euros mensais com que os Presidentes de Câmara presenteiam mensalmente os seus boys da assessoria política. Mas não, os munícipes que se aguentem pois eles têm que proteger os seus e ganhar o seu apoio na concelhia política, principalmente porque as eleições estão à porta.

Portugal, o tempo passa e continuas igual, com parasitas a te governar e tu a pagares.

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