segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

2012 o ano da sobrevivência ou extinção do nosso modo de vida

2011 chegou ao seu fim e com o início de 2012 o mundo entra num ano que se prevê ser decisivo para a nossa sociedade como a conhecemos e entendemos. A crise financeira de 2008 não é a principal razão para a actual crise socioeconómica mas apenas antecipou a crise latente que já se preparava para acontecer, como uma tempestade que dava sinais de se estar a formar mas que foram ignorados por quase todos. Os verdadeiros motivos para a actual crise socioeconómica internacional têm natureza quer nacional quer internacional.
Em termos nacionais, tanto os países da América do Norte como os países Europeus não fizeram o trabalho de casa, preparando-se para o crescimento económico dos BRI (de BRIC) que eles próprios ajudaram a fomentar. Isto aconteceu devido, em grande parte, ao seu orgulho de todas-poderosas potências económicas e por falta de coragem e competência dos seus políticos para tomar as medidas necessárias de modo a preparar os seus países e economias para a nova realidade económica.
Internacionalmente as populações dos países ocidentais (incluindo o Brasil, a Índia e espero que a Rússia) não tomaram consciência que estavam prestes a entrar numa verdadeira guerra económica em que o que está em causa é a própria democracia, economia, as várias culturas ocidentais e o seu estilo de vida.
Com o anunciado fim da URSS, o regime chinês compreendeu que a sua sobrevivência, que a sobrevivência da sua ditadura comunista só poderia suceder se esta usasse as fraquezas do sistema capitalista em seu proveito, de modo a vencer o “capitalismo” no seu próprio terreno. Assim nasceu a estratégia de um regime dois sistemas.
Com esta estratégia a China criou um modelo económico que não só sustentava a sua necessidade de crescimento económico, criando um caminho que a levaria a tornar-se a maior potência económica, como possibilitava em simultâneo sustentar esse crescimento económico sem permitir o desenvolvimento de uma classe média. Classe média que seria essencial para sustentar um crescimento económico baseado no consumo interno, mas que representaria igualmente o fim do regime uma vez que uma classe média forte é a morte de qualquer ditadura. Aliás o modelo criado permite a sobrevivência do regime comunista exactamente por usar como arma económica a inibição do desenvolvimento de uma classe média, ou seja, o crescimento económico é feito por via da atracção de investimento externo e do aumento das exportações com base na imposição de baixos salários, praticamente a inexistência de obrigações sociais, a criminalização da reivindicação laboral e por toda a iniciativa “privada” chinesa ser de propriedade do regime, pelo que seguem as políticas governamentais quando agem no mercado internacional como se fossem empresas privadas que visam o lucro, quando o seu verdadeiro objectivo é o de concretizarem as estratégias geopolíticas do regime chinês.
Obviamente, face a estas condições, é normal que as empresas ocidentais tenham relocalizado a sua produção em território chinês e assim, com o consequente superávite da Balança de Pagamentos Chinesa, a China começou a dominar o mercado financeiro internacional e criou a liquidez necessária para começar a adquirir as empresas ocidentais.
Face a este cenário estará a guerra perdida para as economias democráticas ocidentais? Não. A América do norte e a Europa continuam a ser o motor de toda a economia mundial, dado que são as nossas importações que permitem a liquidez chinesa que está a ser usada para adquirir a nossa independência económica e consequentemente a perda da nossa liberdade democracia, continuamos a ter disponível a força necessária para lutar. Esta é a ironia da estratégia chinesa, derrotar-nos com o nosso próprio “dinheiro”, o dinheiro gastamos a consumir “made in china” em lugar de o gastar a consumir produtos “made in” países ocidentais e principalmente nacionais. No entanto, apesar de comprarem “made in China” os trabalhadores ocidentais continuam a querer mater os seus níveis salariais e os seus direitos laborais sem perderem os seus empregos, culpando as empresas por se relocalizarem em territórios onde lhes oferecem custos significativamente mais baixos e sabendo que os seus consumidores (as populações ocidentais) não têm qualquer preconceito em comprar “made in China” em lugar de boicotarem os produtos das empresas que relocalizaram as suas bases de produção na China, mostrando-lhes assim que teriam um alto custo ao mudarem a sua produção para a China e lutando desta forma para manterem os seus postos de trabalho e o seu estilo de vida.
Agora a questão chave é se será 2012 o ano em que começaremos a lutar para recuperar a defesa das nossas economias e culturas, ou apenas deixaremos as coisas evoluírem como têm evoluído, aceitado a “chinificação” dos nossos países?

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