sábado, 11 de setembro de 2010

11 de Setembro, 9 anos depois (versão em português)

Hoje faz 9 anos que aconteceu o 11 de Setembro. Acredito que todos nós, aqueles que na época tinham pelo menos 15 anos, recordamos exactamente onde e o que estávamos a fazer no momento em que vimos as imagens ou escutamos a notícia sobre o que estava a suceder no World Trade Center (torres gémeas) em Nova York.

Foi um daqueles raros momentos, cujo impacto afectou e mudou a vida de quase todas as pessoas que habitam este nosso planeta. Um acontecimento histórico, pelas piores razões, com consequências nas nossas vidas e na das futuras gerações.

Devido a tudo isso e pelos milhares de vidas que se perderam naquele dia, naquele lugar, é natural que para toda uma nação e em parte para uma civilização, que o local das torres, bem como toda a zona próxima em redor, esteja carregada de um forte simbolismo e poderemos mesmo até dizer que se trata de uma área sagrada para os americanos.

Dada esta realidade e todos estes sentimentos, a actual ideia do Imã Sheik Rauf de construir uma mesquita naquela área específica de Nova York é uma provocação e constitui uma questão de importância nacional para a maioria dos cidadãos americanos.

Claro que à primeira vista, sendo uma propriedade privada, o Imã Sheik Rauf tem toda a legitimidade para construir a mesquita, contudo, em virtude de tudo o que representa aquela área da cidade para os nova-iorquinos e para a maioria dos cidadãos americanos, trata-se acima de tudo de uma estratégia política levada a cabo pelo Imã, com o objectivo de aumentar o sentimento de domínio dos extremistas muçulmanos.

O Imã Sheik Rauf está a apostar em vários cenários.

Primeiro, aposta na orientação religiosa do presidente dos EUA. Se o presidente não der o seu apoio público ao projecto, os extremistas dizem que ele está em guerra contra os muçulmanos, que é o diabo disfarçado de muçulmano e por isso deve ser combatido até à morte. Se ele dá o seu apoio público ao projecto, então os extremistas gritarão ao mundo que venceram a guerra já que têm um muçulmano na presidência dos EUA e que o 11 de Setembro é uma vitória muçulmana.

Em segundo, aposta que o apoio do presidente ao projecto irá tornar-se uma questão religiosa aos olhos da opinião pública, com os muçulmanos a apoiar o presidente Obama e o resto do país contra ele, acontecendo o inverso caso ele rejeite o projecto. Com isto o Imã realiza o sonho dos extremistas de trazer para dentro dos EUA a guerra entre os muçulmanos e os infiéis.

Mas agora pensemos o que sucederia se fosse o caso do projecto para a construção de uma igreja na Arábia Saudita, seria aprovada a sua construção? Na Arábia Saudita é proibida a exibição pública de todos os símbolos não muçulmanos.

Se as intenções do Imã Sheik Rauf fossem realmente de tolerância e o cicatrizar do sofrimento relativo ao sucedido, porque é que ele não convida os judeus, os cristãos e todas as outras principais religiões existentes nos EUA para construírem um templo conjunto para todas as religiões, ou a construção de um centro religioso com cada templo religioso lado a lado com a mesquita, todos como iguais, em respeito e apoio mutuo numa verdadeira mensagem de tolerância e condenação pelas guerras religiosas?

E assim, passados 9 anos, continuamos a agir e a viver em consequência daquelas poucas horas da manhã de 11 de Setembro de 2001.

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