quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O problema dos investidores portugueses

Há algumas semanas atrás, num jantar com amigos e conhecidos, um deles contou que ia mudar-se para Angola para trabalhar num novo projecto de investimento por uma empresa portuguesa do sector da construção.

Começamos a conversar sobre a viabilidade dos investimentos em Angola versus outros países, acerca das políticas proteccionistas do Governo Angolano face ao investimento de empresas estrangeiras, obrigando a que estas entreguem sociedade no valor de praticamente metade do investimento a nacionais (amigos do regime obviamente), sobre os riscos financeiros, patrimoniais e humanos, o baixo nível habilitacional da mão-de-obra local além de falar de outras questões inerentes. Depois foi referido que os investidores portugueses têm outros mercados a explorar, onde os portugueses têm a vantagem de serem oriundos de um Estado Membro da EU e onde já alguns grupos portugueses investiram e provaram a sua alta viabilidade numa análise de médio e longo prazo, com um muito mais baixo risco de alteração dos humores dos políticos. Então por que continuar a investir em Angola?

Existe ainda a questão da qual não nos podemos alienar que é o facto do Governo Angolano ser um dos mais corruptos do planeta e José Eduardo dos Santos ser actualmente um dos maiores assassinos do planeta e que ele e a sua família têm vindo a roubar a riqueza de Angola por décadas, sendo uma das maiores fortunas do mundo feita com o sangue dos Angolanos.

A resposta da pessoa em questão a tudo isto foi simplesmente que “porque nesses países, como têm uma mão-de-obra com um elevado nível habilitacional, depois de rapidamente aprenderem o “knowhow” da empresa, simplesmente tornam-se nossos concorrentes e expulsam-nos do mercado” e esta frase diz tudo sobre a mentalidade da maioria dos investidores portugueses. Eles não querem competir com os melhores, eles não querem trabalhar para se tornarem os melhores no mercado, eles apenas querem fazer dinheiro sobre a protecção do Estado (nacional ou estrangeiro) e sem serem obrigados a investir o necessário para se tornarem os melhores e terem os melhores funcionários.

Justiça deve ser feita a algumas empresas portuguesas que trabalham para serem as melhores e investem em mercados onde são forçadas a competir com os melhores, onde é necessário destacar de entre os melhores e por tal merecem reconhecimento e sucesso.

Todos os investidores desejam investir em países onde a mão-de-obra é de elevado nível habilitacional para que os possam usar em trabalhos especializados sem terem que suportar grandes custos em formação, todos excepto os investidores portugueses claro.

A concorrência é o que obriga as empresas a serem mais eficientes e os mercados capazes de fornecer aos consumidores os melhores serviços e produtos ao melhor preço.

Sem comentários: