quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O efeito da economia paralela numa crise económica

Há alguns dias atrás, estava na esplanada de uma das antigas Recreativas culturais que eram populares durante os anos do Estado Novo, conversando com algumas pessoas sobre a “Legalização da prostituição sim ou não1 e a consequente questão do aumento de recitas do Orçamento de Estado resultante da taxação fiscal do sector da prostituição, com a subsequente obrigação da emissão do recibo pelos serviços pagos, quando uma pessoa perto de nós começou a criticar a existência e o crescimento da economia paralela, que se ele cumpre todas as suas obrigações legais, qual o motivo pelo qual os que não cumprem as suas obrigações fiscais ficam impunes?

Ele tem razão, a economia paralela constitui uma evasão da riqueza nacional e deve ser combatida pelo Estado e por todos nós. Contudo, em momentos em que se registam altas taxas de desemprego, especialmente quando esse desemprego se caracteriza por ser um desemprego de longa-duração, a economia paralela funciona como um “barco salva-vidas” para todas aquelas pessoas que não têm outra alternativa de subsistência. Esta realidade é tanto mais verdadeira quanto maior for a gravidade da crise económica que o país enfrenta e ainda mais verdadeira quando o próprio Estado vive uma crise nas finanças públicas, não possuindo capacidade de manter as politicas sociais que poderiam permitir aos desempregados subsistir até encontrar emprego.

Mas não é apenas a questão social que tem que ser considerada, existe também a questão económica. Em momentos de crise económica, o consumo privado é uma variável crucial, uma vez que, perante uma crise económica global, as exportações não constituem um mercado disponível, em dimensão suficiente, para estimular e sustentar a actividade económica necessária para permitir um crescimento económico. Assim sendo, a redução do consumo privado conduzirá inevitavelmente a uma escalada da crise económica, já que as empresas não irão conseguir realizar vendas suficientes para manter a sua actividade, o que irá causar mais desemprego e consequentemente um agravar da crise económica. É nesses momentos que a economia paralela se torna benéfica para a economia, desde que restrita aos níveis necessários para a sustentabilidade do consumo privado dos desempregados. É como o óleo no motor, sem ele o motor irá bloquear. Sem alguma economia paralela nos momentos de crise económica, a actividade económica presenciará um declínio ainda maior que o já induzido pela crise e a agitação social resultante sairá às ruas com todos os efeitos políticos e económicos desses tempos agitados.


1 Ver: http://portugal-mordaz.blogspot.com/2010/09/legalizacao-da-prostituicao-sim-ou-nao.html

1 comentário:

Pedro Costa disse...

o que aqui se afirma só cont apelo mínimo. apenas se refere o produto produzido, passe a expressão, pelos desempregados.
mas em portugal o problema não é momentâneo nem nunca foi. desde sempre as empresas e empresários nunca pagaram impostos. nem querem fazê-lo. aliás, dá vontade de rir quando dizem que já pagam o iva, como se fosse deles, ou a segurannça social, de que são responsáveis apenas por uma parte.